TERREYRO COREOGRÁFICO
Trabalhamos desde 2014 na encruzilhada entre coreografia, arquitetura e cosmopolítica, atuando em espaços públicos ou de interesse público da cidade de Sampã, no sentido de devolver ao público o que é público. O espaço público como lugar privilegiado de encontros, trocas, conflitos, celebrações e acontecimentos. Chamando a atenção para o aspecto sagrado da Terra e do Território. A cidade percebida e experienciada como Terreiro, em conversa infinita, comunicação permanente com seus ancestrais e suas ancestralidades. Práticas de encantaria para um mundo desencantado.
O corpo é o ponto de partida. A cidade é território de jogos de forças, visíveis e invisíveis, no rés do chão, acima dele e abaixo da terra. A cidade materialmente construída assume hierarquicamente uma presença muito consolidada, autoritária, tentando se impor sobre as outras naturezas e suas manifestações. Num jogo de escalas aparentemente desequilibrado, a dança, o seu desdobramento coreográfico e coral, percebem, interpretam, dirigem e criam espaços que põem em questão o processo de urbanização e seu esgotamento, ao mesmo tempo que põem em cena alternativas que podem recolocar os espaços urbanos massacrados na direção da vida. Frente às cidades torturadas com corpos torturados, é com corpos em estado de alegria-guerreira, que pode-se recoreografar o corpo urbano.
Trabalhamos conectando territórios, dando a ver e aprendendo com suas forças ancestrais estruturais, seus rios, montanhas, lagos, matas, florestas, vegetação, bichos, ventos, céu e terra. E aproximando e conectando pessoas, povos, perspectivas através de atos públicos de partilhas, trocas e celebrações. O público em coro nas praças, nas ruas da cidade celebrando a vida pública já é em si arquitetura. Dar a ver as manifestações dos rios e de como eles continuam, mesmo enterrados, retificados, marginalizados, coreografando os fluxos da cidade já é em si urbanismo.
Atuamos criando ritos coreográficos e projetos arquitetônicos/ urbanísticos a partir de uma perspectiva coreográfica e cosmopolítica da cidade, a fim de desobstruir e harmonizar a força vital do espaço urbano. Para isso, nos deixamos coreografar pelas forças já presentes e atuantes no espaço. Essas forças nos mostram os caminhos favoráveis para o projeto. Uma relação de respeito, conversa, diplomacia através da dança. Um trabalho de mão dupla. Ser coreografado pelo espaço, pelo território, para podermos coreografá-lo. Escuta e ação em um revezamento constante.
Ao longo do nosso trabalho, fomos criando uma série de programas arquitetônicos, que funcionam como tecnologias coreográficas que nos permitem estabelecer um vínculo mais íntimo e próximo com o lugar, seus encantados, suas forças e ao mesmo tempo aproximar mais pessoas da vida pública, criando um coro, um corpo coletivo, de atuadores, guerreiros-dançarinos que trabalham conosco na realização dos projetos.
O Terreyro Coreográfico nasceu do encontro entre os estudos e práticas do artista das artes coreográficas Daniel Fagus Kairoz, com a coreógrafa-dançarina Andreia Yonashiro, com o atuador-dançarino Rodrigo Andreolli e as arquitetas-atuadoras Carila Matzenbacher e Marília Gallmeister. Em sua primeira idade (2014-2015) também fez parte da estrutura do Terreyro a arquiteta e designer Rita Wu, atuadora das relações entre corpo e tecnologia. De 2014 a 2017, quem coordenou toda a produção dos nossos projetos e possibilitou o Terreyro nascer e ser, foi a produtora-atuadora Maíra Silvestre. Ainda na primeira idade do Terreyro, a dançarina Bárbara Malavoglia também atuou como artista estrutural, corifeando coros às danças. Na segunda idade do Terreyro (2016 – 2018), a arquiteta Clarissa Morgenroth teve uma importante atuação na estruturação dos trabalhos no Baixo Libertas, em especial junto da Maloca Jaceguay.
Nossa estrutura é flexível, a cada idade do Terreyro convidamos diferentes artistas para, tanto estruturar os trabalhos, quanto para mobilizar sua estrutura, que chamamos de artistas estruturantes. Há também os Mestres e as Mestras de Obras, convidadas a corifear encontros, partilhar saberes, orientar práticas.
Ganhamos três editais de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, da 16ª edição em 2014, 20ª edição em 2016 e 29ª edição em 2021. Desenvolvemos projetos em parceria com importantes instituições culturais e educacionais, entre elas o Goethe Institut, o Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, a Praça das Artes, a Escola da Cidade, a Bienal de Artes, a Bienal de Arquitetura. E com espaços culturais como a Casa do Povo, a Oficina Cultural Oswald de Andrade, a Vila Itororó Canteiro Aberto, entre outros.
Se você quiser ser um parceiro-apoiador do trabalho do Terreyro Coreográfico, entre em contato conosco para saber como. Isso pode se dar de diversas formas, desde apoios diretos, encomenda de projetos urbanos e/ou arquitetônicos, realização de ritos coreográficos em espaços públicos, cessão de uso de espaços, entre outros.