PLAY/CE#01

COREOGRAFIA 
DE ABERTURA
sagração da primavera 
de canudos à libertas

6 outubro 2014

Terreno-terreiro em torno do Teat(r)o Oficina | Bixiga | Sampã

Abertura dos trabalhos do Terreyro Coreográfico celebrando a chegada da Primavera e invocando uma ressurreição de Canudos no Bairro do Bixiga e homenageando a Libertas, escravizada negra que herdou as terras do Bixiga e as teve roubadas pelo estado paulista no contexto da chegada dos imigrantes italianos. E ali ela enterrou uma caveira de burro, pois Bixiga será sempre Libertas. Nosso primeiro rito público. Primeira Celebração.

O rito começava com a travessia da rua Lina Bo Bardi, pista do Teat(r)o Oficina, que nos levava para o terreiro do entorno do teatro, onde os músicos-dançarinos do Keröáska recebiam o coro-público que chegava abrindo os trabalhos do dia. Uma mesa no chão recebia as frutas e flores trazidas pelo coro-público. Um cortejo com Celso Sim cantando o Neo Oriki de Exu com Ricardo Nash no tambor, fazia o elo, com o cerco corográfico em volta de todo perímetro do terreno-terreiro. Corifeados pelo Grupo Vão, pelas dançarinas Natália Mendonça e Viviane Almeida e os dançarinos Lucas Delfino e Chico Lima, invocávamos através da dança, a Sagração da Primavera do coreógrafo russo Nijinsky, enquanto a música de Stravinsky soava pelo bairro, cercando o terreno-terreiro para que ali se faça um espaço de abertura do público ao público, abertura de caminho para o Anhangabaú da Feliz Cidade, para o Parque do Rio do Bixiga. Dávamos toda a volta até entrarmos novamente no terreiro, onde acendíamos uma grande fogueira, enquanto soavam os últimos acordes da Sagração, a Dança Sacrificial. Chama que chamava os tambores da Trouppe Djembedon, a voz e a dança poderosas da Fanta Konatê, corifeando o coro em uma grande roda de dança. O trabalho e o rito era fechado com o restauro do corpo do coro, com um cuscuz temperado servido na folha da bananeira preparado pelo Bira.