PLAY/DC#03

inCURSO PERTENCER À TERRA

ESCUTAR O CHÃO QUE
PISAMOS

com casé angatu y instituto bixiga

2 a 5 junho 2017

Baixo Libertas | Bixiga

Um incurso na perspectiva Indígena, Nordestina, Caipira, Negra da formação da cidade de São Paulo. Uma história secular de violentas tentativas de “Limpeza Social” e apagamento, etnocídio e genocídio, feitas pelas elites paulistanas mandatárias do “poder público”. Em contraponto uma afirmação da re-existência Indígena, Negra, Nordestina, Migrante, Imigrante e das camadas populares pobres da Cidade de São Paulo, ou como deveria ser chamada, Tabatatyba Piratininga. O curso foi corifeado pelo nosso querido amigo e parceiro, guerreiro-professor-doutor Casé Angatu Xukuru Tupinambá e os parceiros do Instituto Bixiga.

Iniciamos os trabalhos rameando, dançando e cantando com um Porancy, dança ritual Tupinambá.

No segundo dia tivemos a aula com o Casé sobre a história da cidade de São Paulo a partir da perspectiva popular e indígena fruto das suas pesquisas de mestrado e doutorado.

No terceiro dia o Instituto Bixiga apresentou seus estudos da história do território do Bixiga enquanto chão de muitos povos.

E fechamos no último dia com outro rito cosmocoropolítico rameando com o Porancy.

Todos os dias contou com exposição de arte(sanato) e de frutos do manejo indígena – îe’engara awatyba.

“O Ritual, Curso e a Exposição buscam fortalecer reflexões alternativas sobre a história e memória da cidade de Piratininga (São Paulo), de Pindorama (Brasil) e do Bixiga a partir de uma perspectiva que considera a Paulicéia como indígena, negra, nordestina, interiorana, imigrante, migrante, extemporânea, contemporânea, futurista e repleta de memórias de tempos imemoriais, representadas em seus diferenciados Territórios. Procura assim fortalecer os que na cidade buscam uma Tabatatyba Livre – Povoado que reuni Povos de várias tabas em liberdade.” Casé Angatu

“Pensar a cidade não como formada por espaços físicos imutáveis, mas como múltiplos Territórios formados e reformulados pelas dinâmicas de diferenciadas experiências socioculturais através da história passada, presente e futura nos faz pensar o quanto são autoritárias as imposições feitas pelos mandatários no poder. Uma mesma rua/praça/viaduto/calçada pode ser, simultaneamente, Território de passagem, comércio, moradia e/ou portadora de memórias ancestrais repletas de sentimentalidades.

Na nossa compreensão qualquer atuação sobre a cidade que não considere este princípio é autoritária. Porém, a tendência dos mandatários no “poder” administrativo tendem a atender somente aos interesses socioculturais, políticos e econômicos de apenas alguns grupos. Interesses que atendem, geralmente, os que possuem também o “poder” econômico.

Uma situação que gera e/ou radicaliza os conflitos de uso dos espaços que são Territórios, aprofundando a cidade como palco de disputas e tentando camuflar as espacialidades populares. Tentando camuflar porque, por mais que sejam autoritárias estas ações, os diferenciados usos tendem a se espalhar e/ou mesmo retorno aos seus Territórios Originários.

Para este curso: São Paulo, como outras cidades, é palco de diferentes Territoriedades que deveriam ser respeitadas e consideradas como um de suas melhores características e não combatidas. Assim iriamos valorizar a diversidade. No entanto, as cidades, como São Paulo, tornam-se espaço de disputas estimulados pelos mandatários da municipalidade que favorecem os usos de apenas dos que são detentores do “poder” econômico.

Quando ouço o zoar do maracá

Me dá vontade de cantar

Por isto eu canto pra Tupã 

Pra Tupã nos ajudar”

Casé Angatu

com Casé Angatu Xukuru Tupinambá, Bakurau (Josa) Tupinambá, Bonisson Amaral Tupinambá, Bijupirá Tupinambá (Del), Jaô Tupinambá, Porãn Tupinambá (Binho), Tiago Tupinambá, Instituto Bixiga de Pesquisa, Formação e Cultura Popular.