PLAY/EC#01
COREOGRAFIA
PARA
CONFLUIR
10 novembro 2014
Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, Vale do Anhangabaú, Estação da Luz, encruzilhada das ruas Guarani e Bandeirantes y Oficina Cultural Oswald de Andrade | Bixiga Y Anhangabaú Y Luz Y Bom Retiro | Sampã
Recebemos um chamado da curadora Sara Giannini, para participarmos da edição brasileira do OuUnPo Project. Um filme inacabado do cineasta italiano radicado no Brasil Andrea Tonacci, com comunidades ameríndias. Um video da artista Maria Theresa Alves com as lideranças Guarani Mbya Jera Guarani e Poty Porã realizado no contexto da exposição Made by brasilians. Um texto curatorial da mesma exposição que proferia uma comparação elogiosa entre os artistas contemporâneos e os bandeirantes, esses que eram pagos para caçar indígenas e ampliar o alcance colonial no interior dos territórios, principalmente na Vila de Poratininga, considerados heróis de São Paulo pela narrativa colonial. E também um encontro com as duas lideranças indígenas Jera e Poty. Em paralelo, o artista visual Ricardo Reis, fez um chamado ao Daniel Fagus Kairoz, para participar do seu projeto Cavalo e juntos criarem uma bandeira, uma ação, um acontecimento. Sincronicamente, no mesmo dia teria uma das aulas do Disseminário com o Guilherme Wisnik na Oficina Cultura Oswald de Andrade no Bom Retiro. Esses foram os chamados.
Criamos uma grande coreografia confluindo todos esses movimentos estruturados pelos caminhos dos rios de Sampã, que conectam os bairros do Bixiga, com o Anhangabaú, com a Luz, com o Bom Retiro, amalgamados por uma estrutura-mole-objeto-relacional para o corpo de Sampã, ofertada ao Anhangá como forma de respeito. Grandes sacos plásticos amarrados entre si, cheios de água e flores brancas, conectando os corpos do Coro.
Assistimos o filme de Andrea Tonazzi no Teatro Oficina. No filme a anciã Dona Jacira, importante liderança Guarani fala sobre a luta do seu Povo. De lá saímos levando em Coro a estrutura-mole-objeto-relacional para o Anhangabaú. Inusitadamente fez-se ali em ato o Monumento das Bandeiras, conhecido como ‘empurra-empurra’. Um Coro formado por um grupo de curadores europeus, um grupo de Guarani Mbya, nós Coro heterogêneo do Terreyro e outros que acompanhavam o festival. Os corpos desconfortáveis em carregar a estrutura-mole passavam de corpo a corpo a responsabilidade de levar a oferenda até o Anhagabaú. Lá chegando, abrimos os sacos, vertemos as águas e as flores em oferenda. O Coro Guarani cantou, pediu licença para que seguíssemos cantando em direção ao Bom Retiro. Atravessamos a Estação da Luz com a Capa-Cavalo, criada pelo Ricardo Reis e Daniel Kairoz, um grande Parangolé coletivo. A Capa-Cavalo nos dançou até o Bom Retiro. Na esquina da rua Guarani com rua Bandeirantes, assistimos um video, projetado na empena cega de um prédio, em que as lideranças Jera Guarani e Poty Porã, narram as violências dos bandeirantes contra seus povos. Já cansados e com fome, caminhamos até a Oficina Cultura Oswald de Andrade, onde fomos recebidos por um banquete preparado pelo Bira e pela Nancy. Comemos e na sequencia assistimos a aula do Disseminário com o Guilherme Wisnik sobre as obras do Hélio Oiticica e do Cildo Meireles, fechando os trabalhos do dia.
com Ana Thereza Alves, Andrea Tonacci, comunidade Guarani Mbya da Tekoa Tenondé Porã, Jera Guarani, Poty Porã, Ricardo Reis y OuUnPo Project Brazil.