PLAY/DC#03

DISSEMINÁRIO
COREOGRÁFICO

14 a 27 novembro 2016

Baixo Libertas Y Teat(r)o Oficina Y Oficina Cultural Oswald de Andrade Y Praça das Artes Y Espaço Cultural Latino Americano Y Centro de Referência da Dança | Bixiga Y Bom Retiro Y Anhangabaú | Sampã

Duas semanas de mergulho no pensamento coreográfico a partir da encruzilhada que deu origem ao Terreyro Coreográfico, a prática Coisa Coreográfica, do Daniel Fagus Kairoz, o Cerco Coreográfico, da Andreia Yonashiro, e o Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, principalmente seu pensamento de Coro, Arquitetura e Urbanismo, presentes no projeto do Anhangabaú da Feliz Cidade e levados adiante pelas arquitetas do Teatro na época, a Carila Matzembacher e Marília Gallmeister. Confluiu com o Disseminário a abertura pública dos cursos do Cerco Coreográfico ~ Coisa.

Abrindo os trabalhos do Disseminário, fizemos uma grande defumação de todo o perímetro do Baixo Libertas, para afastar toda especulação e firmar o ponto do Baixo como Território Consagrado ao Público. Na sequencia fizemos uma conversa com o arquiteto Edson Elito, parceiro da Lina Bo Bardi no projeto do Teat(r)o Oficina, sobre Urbanismo Antropófago e o projeto do Anhangabaú da Feliz Cidade. Finalizamos o dia com uma fala e demonstração prática da Coisa Coreográfica com o Daniel Fagus Kairoz.

O segundo dia aconteceu todo no Teatro Oficina, começou com uma partilha do Fernando Gregório dos seus estudos de Permacultura, Labirinta-fractal. Depois do almoço tivemos uma aula aberta com o poeta Marcelo Ariel sobre os arcanos maiores ‘O Carro’ e ‘A Morte’ como continuação do seu curso, e assistimos o filme A Cor da Romã do cineasta romeno Sergei Parajanov. Na sequencia tivemos uma Aula Magma com o Zé Celso sobre o Coro Dionisíaco. Fechamos os trabalhos do dia com um show da Fanta Konate, cantora, compositora e dançarina da Guiné Conacri residente no Brasil já há muitos anos com a Troupe Djembedon.

No terceiro dia a seta foi no Cerco Choreográfico, com uma proposta elaborada pela Andreia Yonashiro, a Bárbara Malavoglia e a Marion Hesser. No mesmo dia realizamos no Baixo um encontro para adentrarmos junto do público presente as dimensões do trabalho do Terreyro Coreográfico.

O quarto dia foi regido pelas relações entre a grafia e a korea, a escrita, o desenho e a dança. Dia da abertura pública do grupo de estudos –grafia da coreô- coordenado pelo artista visual Fábio Morais e Daniel Fagus Kairoz no Canteiro Aberto da Vila Itororó. Assistimos o documentário Mê’Ok, Nossa Pintura do Fábio Nascimento sobre a importância da pintura corporal para os Mebêngôkre-Kayapó, do Sul do Pará. Na Oficina Cultural Oswald de Andrade tivemos uma aula demonstração de Seitai-Ho com o Coro do curso do Toshi Tanaka e uma demonstração de Fude Do-Ho, que junta movimentos corporais com pintura e caligrafia. De lá, seguimos para a Casa do Povo, onde tivemos um encontro com a Andreia Yonashiro que nos apresentou aos princípios da labanotation do coreógrafo alemão Rudolf Laban, com a Raquel Aranha, que nos apresentou à genealogia da palavra coreografia e sua presença nos tratados renascentistas e a relação com a música barroca e finalizando o dia, o Gabriel Kerhart nos apresentou seus estudos da relação entre o Pixo e o Shodô, caligrafia japonesa.

O quinto dia começou no Baixo Libertas com uma prática de ascensão e de dança nos diversos planos e metaplanos do viaduto corifeada pelo Rodrigo Andreolli. No anoitecer, tivemos uma aula pública a céu aberto com o astrólogo Gregório Pereira de Queiroz, sobre a astrologia enquanto constelação de forças dinâmicas. Fechamos os trabalhos do dia com uma Psicopalestra do pensador das artes performáticas André Lepecki, incorporado (em parte, pois ele está vivo) pela Carolina Castanho e desdobrado em Coro nos diversos corpos ali presentes. Uma transcriação em ato do texto No Metaplano o Encontro, cedido por ele para o Terreyro Coreográfico.

Fechamos a primeira semana celebrando a Terra Preta na Tekoa Kalipety, uma das aldeias Guarani Mbya em Parelheiros, parceiros nossos desde 2014, extremo sul de Sampã, junto do grupo de músicos senegaleses Baye Fall Africa Rythm.

(fôlego)

Iniciamos a segunda semana com a oficina e estudos do artista e pesquisador Bruno Freire em torno dos seus estudos sobre o ‘maravilhoso’, que transcorreu durante toda a segunda semana pelas manhãs no Teatro Oficina. No fim do dia, no Baixo Libertas, realizamos em Psicodebate entre o André Lepecki, incorporado (em partes) pela Carolina Castanho, a Lina Bo Bardi incorporada pela Marília Gallmeister, o Hélio Oiticica incorporado pelo Caio César e o Flávio de Carvalho, incorporado pelo Rodrigo Andreolli, com mediação de Daniel Fagus Kairoz. O coro da Coisa Coreográfica fez uma dança-oferenda para os convidados.

O segundo dia da segunda semana aconteceu no Teatro Oficina e se concentrou na ideia de um urbanismo antropófago. Começou com um debate entre a Marília Gallmeister e o Guilherme Wisnik, sobre a arquitetura do invisível. Na sequencia recebemos a Marta Amoroso e o Paulo Arantes para apresentarem seus estudos e experiências em torno das relações entre urbanismo e cosmopolítica. Finalizamos o dia com uma prática corifeada pela Carolina Castanho, que nos convidou a dormir no terreno-terreiro em torno do Teatro Oficina e sonhar o Anhangabaú da Feliz Cidade.

No terceiro dia da segunda semana começou na Praça das Artes, com uma aula aberta do Balé Africano da Fanta Konate. De lá seguimos para o Baixo Libertas onde tivemos uma aula sobre os arcanos maiores ‘A Força’ e ‘O Diabo’ com o poeta Marcelo Ariel que fechou o dia com uma sessão do filme Moloch do cineasta russo Alexander Sokurov.

No quarto retomamos as conversas sobre o urbanismo antropófago, com uma prática no Teatro Oficina conduzido pelas arquitetas Carila Matzembacher e Marília Gallmeister. Fechamos o dia recebendo no Teatro a grande professora e filósofa Marilena Chauí, que nos conduziu em pensamento aos fundamentos mágicos da filosofia renascentista de Ficino, Giordano Bruno e Pico Della Mirandola, e das relações entre ‘amor’ e ‘poder’.

No quinto dia continuamos desdobrando as conversas sobre o urbanismo antropófago e seus possíveis caminhos dentro das instituições públicas com a Nádia Somekh do Departamento de Patrimônio Histórico, o Luiz Fernando Almeida do Instituto Pedra e o Daniel Montandon da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.

No sexto dia aconteceu a finalização da oficina Em busca do Maravilhoso do Bruno Freire e finalizamos o dia com um rito cosmocoropolítico dentro da programação da 32ª Bienal de Arte de São Paulo em diálogo com obras da exposição elencadas pela Maria Catarina Duncan que de alguma forma nos abriam à dimensão espiritual na arte.

Encerramos essas duas intensas semanas do Disseminário Coreográfico com a Celebração da Terra Vermelha um rito cosmocoropolítico no Baixo Libertas junto dos nossos amigos e parceiros Tupinambá de Olivença, Ilhéus sul da Bahia e Guarani Mbya da Tekoa Tenondé Porã e Kalipety de Parelheiros extremo sul de Sampã.

com André Lepecki, Baye Fall Africa Rythms, Bruno Freire, Casé Angatu e parentes Tupinambá, Coro Cerco Coreográfico ~ Coisa, Daniel Montandon, Edson Elito, Fábio Morais, Fanta Konate, Gabriel Kerhar, Guilherme Wisnik, Gregório Queiroz, Tekoa Kalipety, Luiz Fernando de Almeida, Marilena Chauí, Marcelo Ariel, Marta Amoroso, Nadia Somekh, Paulo Tavares, Raquel Aranha, Tyazo Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, Toshi Tanaka y Zé Celso.